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Santa Rosa,18/10/2024

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Polifarmácia: os riscos do uso de diversos remédios ao mesmo tempo

Prática representa ameaça para a saúde pelo risco de ocorrência de efeitos adversos e interações medicamentosas. Médico e paciente devem conversar sobre tudo o que está sendo utilizado, inclusive os produtos sem prescrição

Fonte: GZH - Larissa Roso
Polifarmácia: os riscos do uso de diversos remédios ao mesmo tempo Nathasa / stock.adobe.com
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Quantos remédios diferentes você está tomando atualmente? Devem entrar nessa conta não apenas os itens prescritos pelos médicos, mas também aqueles a que recorre por conta própria para má digestão ou dor nas costas, por exemplo. O uso simultâneo de cinco ou mais medicações, chamado de polifarmácia, é um risco para a saúde e representa uma ameaça principalmente na terceira idade.

Há peculiaridades no metabolismo dos idosos que exigem atenção, e também podem ocorrer reações adversas e interações medicamentosas. No consultório, o médico precisa fazer uma busca ativa para conseguir relacionar todos os produtos que estão na rotina do paciente, incluindo fitoterápicos e polivitamínicos.

No Brasil, envelhece-se rápido, destaca a geriatra Luciana Louzada Farias, diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Isso se deve a maus hábitos, falta de cuidados preventivos e falha no acesso aos serviços de saúde, entre outros fatores. A chance de o idoso ser mais medicado é maior porque tem mais doenças, explica a especialista.

— Ao mesmo tempo, é a população mais vulnerável aos efeitos colaterais das medicações. Quanto mais medicação, maior a chance de ter efeitos adversos, e uma medicação pode interferir com a outra — diz Luciana.

Aspectos fisiológicos sofrem alterações a partir dos 60 anos, como os mecanismos de absorção e excreção das substâncias. Luciana usa o exemplo de produtos corriqueiros, como antialérgicos ou relaxantes musculares:

— Pela idade (do paciente) e pelas alterações do envelhecimento, o efeito de sonolência pode ser potencializado. Ele acaba tendo maior suscetibilidade. O risco de efeito colateral é maior.

A automedicação sempre é arriscada, por mais comuns que sejam as queixas e aparentemente inofensivas as opções dispostas na prateleira da farmácia, com livre acesso aos clientes. Cristine dos Reis, mestre em Gerontologia e membro do Grupo Técnico de Trabalho de Gerontologia do Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul, faz um alerta utilizando um item sazonal muito popular:

— Não tem nenhum antigripal no mercado que seja totalmente seguro para hipertensos.

Luciana adverte que toda medicação tem potencial para provocar efeitos colaterais (queda de pressão ou de açúcar no sangue, intoxicação, sonolência). Quanto mais remédios a pessoa usar, maior é esse potencial.

— Quanto mais comorbidades e fragilidades o idoso tiver, maior o risco de ele experimentar efeito adverso de uma medicação que não é perigosa, como um antialérgico ou um relaxante muscular. Sempre pergunte ao médico: “Posso usar? Posso ter efeito colateral?” — acrescenta a geriatra.

De acordo com Cristine, o profissional de saúde que trabalha na área do envelhecimento considera cada sintoma novo como uma possível reação adversa a algum medicamento.

— O hipertenso que toma remédio para a pressão, nota as pernas inchadas, vai ao médico e acaba recebendo um remédio para o inchaço. Não precisaria porque é uma reação do anti-hipertensivo. Teria que trocar o anti-hipertensivo — exemplifica a farmacêutica.

O ideal é que o paciente tenha um médico gerenciando todo o cuidado. Caso mais de um seja consultado, é preciso informá-los sobre todas as medicações receitadas. Especialista em envelhecimento e com um olhar global sobre o paciente, o geriatra pode ser a pessoa responsável por essa organização.

— Um dos trabalhos do geriatra é a desprescrição. Uma medicação pode ser necessária numa fase de vida ou numa situação específica. Toda vez que você vê o doente, o ideal é revisitar a necessidade daquela medicação. O olhar crítico sobre a prescrição, o gerenciamento do cuidado medicamentoso é um dos nossos papéis — comenta Luciana.

Cuidado com o que toma

  • Não jogue fora as caixas e as bulas dos medicamentos
  • Leve às consultas as embalagens de tudo o que estiver tomando
  • O geriatra ou o farmacêutico podem ajudá-lo na organização de todos os remédios em uso
  • Utilize porta-comprimidos que tenham a inscrição dos dias da semana
  • Tenha uma farmácia de referência, com funcionários que o atendam bem, explicando as receitas e colando etiquetas nas caixas
  • Na dúvida, não se automedique, e busque orientação especializada
  • Ajustes de doses e horários podem melhorar a qualidade de vida do paciente. Quanto mais o seu médico conhecer você, melhor será a assistência prestada
  • Não faça estoque de remédios, sob risco de os prazos de validade expirarem. Compre o suficiente para um ou dois meses
  • O cuidado precoce e permanente com a saúde é a forma mais certeira de reduzir e evitar o uso de medicamentos




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