Cine Globo
Sobre Nós
Quem visita a acolhedora Três Passos, situada a 472 quilômetros de Porto Alegre, seja a trabalho ou a passeio, invariavelmente irá receber um convite para conhecer o cinema da cidade. Localizado na avenida principal, o edifício do Cine Teatro Globo é motivo de orgulho para os moradores e templo sagrado para cinéfilos e cinemeiros de todo o país. Com a criação do Festival de Cinema de Três Passos (FCTP), em 2014, a sala da família Levy deixa de ser uma atração local para encantar cineastas, produtores audiovisuais e até de acadêmicos, fascinados com a longevidade do cinema construído na década de 1950 (ALVES DA SILVA, 2022). Tema de uma dissertação de mestrado, no Rio de Janeiro, que irá virar livro em breve, e de um longa-metragem, com lançamento previsto para o início de 2024, o Cine Globo completa 68 anos, de portas abertas e com exibição Digital 2D e 3D.
Essa fascinação não é sem motivos. Segundo dados de 2021, da Agência Nacional do Cinema (Ancine), o Cine Globo está instalado num dos 152 municípios brasileiros, entre 20.001 a 100 mil habitantes, de um total de 1.474, que possuem ao menos uma sala de exibição. Considerando a faixa de análise até 20 mil habitantes, um recorte populacional mais próximo à realidade de Três Passos (que tem cerca de 24 mil habitantes), e que compreende 3.770 municípios, observamos que apenas quatro deles possuem cinema, ou seja, 0,1% do total. Atualmente, o Cine Teatro Globo é a sede da rede Cine Globo Cinemas que opera outras quatro salas no interior gaúcho, todas geridas pela família Levy, incluindo Santa Rosa, Palmeira das Missões, Frederico Westphalen e Cruz Alta.
Mas toda essa estória começa bem antes, já que a relação de Três Passos com a Sétima Arte remonta ao tempo dos exibidores itinerantes, que percorriam a região de Palmeira das Missões, ainda na década de 1930, com projeções de películas em 16 mm, nos salões de baile, nas igrejas e nas quadras das escolas. A inauguração do cinema fixo na cidade tem a data estimada para o ano de 1945, quando o empresário Júlio Bertin instala o Cine Globo num casarão alugado e adaptado para projeção de filmes em 35 mm. Nessa época, Bertin tinha prejuízo com o cancelamento das sessões por problemas de queda da energia elétrica, fornecida pela prefeitura de forma intermitente (GRAFFITTI, 2004). A solução encontrada foi firmar sociedade com o comerciante Alberto Abraão Levy, em troca da instalação de geradores no casarão, garantindo uma programação constante e permitindo a formação de uma plateia fiel.